Ontem tive a oportunidade de fazer algumas perguntas a João Lagos, o director do torneio e o homem que instituiu o Estoril Open em 1990.
Comecei por perguntar o que tinha achado do jogo que presenciara momentos antes, no Court Central, entre Pedro Sousa e o russo Kunitsyn. Apesar da derrota do jovem Sousa, convidado por João Lagos para fazer a sua estreia como profissional em 2007 na primeira grelha do torneio, para Lagos, este é só o início da estrada. O director do torneio está também optimista em relação à recuperação do russo Davydenko de uma lesão sofrida na semana passada, a tempo da sua estreia amanhã no torneio.
Pedro Neves: O que achou do desempenho de Pedro Sousa agora mesmo no Court Central?
João Lagos: Foi um desempenho de estreante, que não teve a oportunidade de pôr à vista todo o seu potencial, mas que nem por isso o deixa de ter. O Pedro sofreu algumas lesões ultimamente, o que porventura tornou mais difícil a vitória.
P: Em que sentido é importante para si a aposta em jovens talentos como Sousa, através dos "wild cards"?
JL: É indispensável. Fazemos tudo ao nosso alcance para ajudar estes jovens atletas a iniciarem a sua carreira. O convite para o Estoril Open pode ser um factor de motivação. Da nossa parte, serve para mostrar que acreditamos no seu potencial e a nossa vontade de dar-lhes confiança no futuro das suas carreiras.
P: Quais são as suas expectativas para esta edição do Estoril Open?
JL: O meu objectivo é levar até ao fim mais um grande torneio, que este ano está na sua 18ª edição. Atinge, portanto, a sua maturidade, à semelhança do que acontece com um filho. É também um pouco assim que penso nele. Não é por coincidência que temos este ano quatro dos melhores jogadores a nível mundial no torneio masculino simples.
P: Uma das figuras de cartaz deste ano, o russo Nikolay Davydenko, lesionou-se no Open de Barcelona e parece estar em dúvida. Está a acompanhar a situação?
JL: Tudo indica que a lesão que sofreu é recuperável até à hora do jogo dele, na terça-feira. Este tipo de lesões são normais em ténis, sendo que em 2006 Davydenko iniciou a sua participação no torneio com lesões muito piores. Espero de qualquer modo que recupere a tempo.
P: O organizador tem ou pode ter favoritos?
JL. O organizador é uma pessoa normalíssima, igual aos outros, que portanto, tem os seus favoritos. Não quer dizer que os divulgue... Mas como director do torneio, encaro essa questão de duas maneiras: gostava que vencesse o jogador melhor posicionado no ranking, com tudo o que isso significa para o prestígio do torneio. É sempre bom ter um campeão que é uma figura consagrada, e que vê o seu perfil aumentado graças à participação no Open. Por outro lado, seria igualmente bom que ganhasse um jogador mais desconhecido, no início da sua carreira, e que encontra no Estoril Open uma oportunidade para mostrar ao mundo o seu potencial.
P: Quanto às notícias que colocam em dúvida a futura realização do torneio no complexo desportivo do Jamor, o que pode adiantar?
JL: O torneio cresceu muito em 18 edições. O espaço não. Gostava de voltar a realizar o torneio aqui, mas não depende só do tamanho do sapato. Também depende da sapataria.
P: Até que ponto gostava de ver um português vencer o Estoril Open? (pergunta desnecessária, eu sei)
JL: Podia morrer logo a seguir. (risos)
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